terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Obesidade encurta esperança de vida para os 40 anos (JN - 2010-09-25):


   Em Portugal, há cada vez mais crianças que correm o risco de não ultrapassar os 40 anos por causa de doenças relacionadas com a obesidade. Multiplicam-se iniciativas de educação alimentar, mas falta ainda um programa integrado, dizem os especialistas.
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   Perante a dimensão do fenómeno da obesidade infantil em Portugal, é preciso agir de forma estruturada, apelando à interacção de vários parceiros. Dizem os últimos dados disponíveis que 29% das crianças com idades entre os dois e os cinco anos têm excesso de peso e que 12,5% são obesas.
   Há crianças que, aos 10 anos, sofrem já de hipertensão e de colesterol, o que leva a que os especialistas estimem que viverão menos anos do que os seus pais. "Teremos um retrocesso em termos de saúde pública... Algumas destas pessoas terão um alto risco de morrer aos 40 anos", estima Maria Daniel Vaz Almeida, especialista da Universidade do Porto e co-presidente do II Congresso Mundial de Nutrição, que termina hoje (25/09/10), no Porto.

Informação não é conhecimento
   "Hoje temos acesso a informação mas tal não se traduz em conhecimento", sublinha Rodrigo Abreu, nutricionista responsável pelo "Atelier de Nutrição", que defende a criação de um modelo idêntico ao da Educação Sexual.
   "Acho interessante que se discuta tanto a Educação Sexual, mas que não haja uma política em termos de Educação Alimentar. As crianças antes de começarem a sua sexualidade já comem", ironiza Rodrigo Abreu, colocando a tónica na urgência de uma "aplicação integrada" de todos os programas que vão proliferando. "Quanto mais se estuda a obesidade, mais percebemos que a prevenção é a melhor arma", alerta.
   Miriam Stoppard, especialista inglesa em cuidados infantis, acrescenta às prioridades de acção na luta contra a obesidade infantil o envolvimento de vários parceiros. "Tem de ser feito um esforço de combate por parte de várias entidades... É preciso envolver muitas pessoas nesse esforço", começou por explicar a estrela mediática do Reino Unido.
   A estratégia, já testada em países como Canadá, México, França e Reino Unido, é simples e consiste em fazer chegar às crianças as mesmas mensagens, através de diferentes parceiros e entidades: "pais, família, escolas, professores, produtores, municípios". As mensagens são extremamente simples: no México, 'comam comida saudável, mexam-se, bebam água'; no Reino Unido: 'comam comida saudável, mexam-se mais do que o que se têm mexido e ganhem consciência das vossas emoções", ilustrou Miriam Stoppard, em declarações ao JN, antes de moderar um debate durante o congresso. Os resultados, garante, são impressionantes e possíveis de alcançar em muito pouco tempo.
   "É preciso uma política nutricional que pense a alimentação como um factor de promoção da saúde", alerta Maria Daniel Vaz Almeida, chamando a atenção para o crescimento da obesidade infantil em Portugal. "Temos de parar esta avalanche", avisa a professora catedrática da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.

JRNA

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